segunda-feira, 10 de maio de 2010

House Of The Rising Moon



O vento gelado passava por seu rosto cortando a pele, ainda assim era sensação mais agradável na qual podia pensar no momento. Deixou os braços descansarem, encolhendo as mãos nos bolsos fechados em punhos.

"Um passo...UM sequer fora da linha, um momento de dúvida, um movimento em falso e estamos todos em perigo, não apenas sua vida, mas a de todos nós"

Ouviu a voz de seu pai gritar em sua cabeça. Não lutou para esvaziar a mente, notara por muitas vezes que era inútil. Ao invéz disso, tirou um maço de cigarros da jaqueta, enfiou um na boca enquanto a mão livre tateava pelo isqueiro. Acendeu-o.
Já na primeira tragada sentiu a fumaça entalar em sua garganta e espalhar por seus pulmões, intoxicando seus sentidos. O cigarro não era dela e sim do dono da jaqueta roubada. Mas achou que seria interessante experimentar. Tossiu por alguns segundos sem ser capaz de respirar. O gosto amarrado na boca causando ânsia. Irritada, deixou o cigarro cair de cima do prédio onde estava, até quase o chão, em cima de um toldo. Estava no prédio mais alto de Darkage, podia ver a cidade toda.
Os olhos correram pelo horizonte, encarando o paredão metálico ao longe e em toda a sua volta. A muralha que separava Darkage do resto do mundo..."Se é que ainda há mundo" dizia seu pai com ar desafiador "Está disposta a matar sua família por uma possibilidade, Ray?".
Sorriu torto e jogou a jaqueta de couro pesado no cháo, esticando os braços para que se acostumassem com o frio. Se achava frio agora...Em alguns minutos estaria congelada. Pensou em algum insulto para seu pai enquanto amarrava as botas mais firme (desafia isso, velho besta), pisou no parapeito da borda do prédio e abriu os braços, deixando o vento esvoaçar seus cabelos negros. E pulou.

2 comentários:

  1. Por isso que eu gosto tanto de ler teus escritos, eles nunca decepcionam o leitor e sempre tomam um rumo inusitado.

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  2. Eu não gosto de ler o que escreve, não mesmo. E estou decepcionada.


    Pra mim, o que você escreve é como uma extensão de Pessoa e Lispector. Uma mistura maravilhosa que me decepciona por ser tão pouco. Porque o seu melhor, é sempre surpreender-me.

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