era 14 de março de 2018.
senti luto por alguém que não conheço.
luto confuso e deformado.
vindo de lugar sem nome,
pousando num espaço, em mim
- que nunca havia sido preenchido,
mas que de alguma forma, agora,
estava anormalmente vazio.
não vazio de silencio
não vazio de escuro
violentado
amedrontado
desmembrado.
olhei de canto
o pranto coletivo
e me vi pária
por não saber
de quem era o rosto e de onde vinham os gritos.
o nome, percebi,
dá forma.
e o nome dela eu só soube no fim.
foi 8 de maio de 2020
senti luto por alguéns que não conheço
luto contido e estrangulado
vindo de lugar que começa a ter nome,
pousando na minha pele que agora tem buracos
cavados
com cruzes simbólicas.
esse pensamento não tem fim
nem tem a dor
de gente que encara o vazio
e reconhece nele
um rosto ou dois
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