segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Resultado do Ócio Perigoso

A garota não parecia ter mais do que 18 anos, seus cabelos negros caíam lisos até o meio das costas, a franja comprida atrapalhava a visão e sombreva o rosto pálido.
Vestia o velho uniforme do colégio interno, a saia de prega azul marinho e a camisa brança ainda serviam e formavam junto à cena, uma grande ironia anacrônica.
Sua mente estava clara, quase leve. Tão vazia que era quase insuportavel continuar em silêncio.
Louie levantou o braço esquerdo em direção à mulher em sua frente, a arma ainda travada parecendo um peso morto em sua mão.
A mulher mudou de posição, desconfortável. A expressão era dura e imutável, mas algo em seus olhos demonstravam incerteza...Medo.
Alex encarou Louie, sua filha, pela primeira vez desde que essa entrara na sala. As linhas de seu rosto indicavam que a ausência de qualquer controle, indicavam que a bandeira branca estava agora fora de cogitação.
Alex sorriu, os cantos da boca retorciam-se em humor. Suas mãos largaram os papeis em sima da mesa e se juntaram num sinal de contemplação.
- O que acha que está fazendo, menina? - sua voz saiu firme.
Louie soltou o casaco do uniforme, que segurava rente ao corpo, antes escondendo a arma. Quando a peça tocou o chão, a mulher pôde notar que não era a única coisa que ele escondia.
A camisa branca grudava no corpo na altura da barriga, manchada de algo que parecia ser...Sangue.
Os olhos de Alex, assim como a garota esperava, se iluminaram involuntariamente. Estava feito.
- Entendo - disse, sem se mover - Bom, se estava perto quando aconteceu, tenho certeza que viu os dois lados da situação. Era a sua segurança ou a dela.
- E não a sua, você não tinha nada com isso - Louie disse num suspiro, a voz baixa e rouca, soando como a de outra pessoa à seus próprios ouvidos.
- Você é minha filha, tinha tudo a ver comigo. Não aja como uma ingrata.
Louie não respondeu, seus dedos alcançaram a trava da arma, soltando-a. Estava a um clique, um segundo, uma batida de coração de acabar tudo aquilo. Não hesitaria.
- Você não vai me matar - concluiu Alex - Não vai matar sua própria mãe. Você não tem coragem o bastante...Isso a tornaria uma de nós.
- Infelizmente - interrompeu a garota- A única pessoa que convenceria do contrário está agora à seis palmos abaixo da terra...Então salve o fôlego.
Antes mesmo que pudesse temrinar a franse, apertou o gatilho.
A arma soltou um estampido seco, alto e o metal em sua mão se tornou quente.
Fechou seus olhos automaticamente. O revolver rolou para o chão enquanto seus joelhos começavam a tremer e perder a força.
Obrigou os olhos a abrirem e as pernas a permanecerem firmes.
A bala pendia no ar, entre a mulher e a garota, Alex recostava-se na parede, em alerta, mas incapaz de se mover.
Louie sabia, e preferia não saber, o que havia acontecido.
Num milésimo de segundo, a bala mudou seu curso, atingindo em cheio seu coração.



Estava terminado.

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