sábado, 8 de janeiro de 2011

Aquele do Urso Voador




"The more things change, the more they stay the same"
(Provérbio francês)



Albert Einstein disse: "Poucos são aqueles que veem com os próprios olhos e sentem com o próprio coração".
O breve momento entre a concepção de uma vida e a extinção da mesma é preenchido por exemplos, influências e expectativas. Somos ensinados que criar é obra divina - a nossa obrigação é reinvenção e adaptação. Passamos por um processo de formação biológica, acadêmica, profissional e relacional. Fazemos diferença num círculo social delimitado, passamos para frente nossa herança genética, morremos e perecemos. Com alguma sorte, seguimos ao além.
Olhos mais treinados poderiam nos classificar como playmobils em grandes construções de lego - vivendo no cômodo que nos é dado, convivendo com os outros bonecos encaixados à nossa volta, vendo e sentindo estímulos plantados e direcionados por uma ou mais forças externas.

Ainda assim, depois de repassar os argumentos, meu primeiro reflexo é discordar da frase.
Ouço uma música qualquer vazar pelas frestas das janelas do vizinho do último andar. O compositor tenta antagonicamente descrever o sentimento saudade. Depois amor. Depois felicidade. Depois tristeza.
Em algum ponto, a letra muda de objetivo, e a descrição se perde. Ouso pensar que o próprio autor não dispunha de nenhum embasamento teórico sobre o assunto para maior aprofundamento.
Mas não é até a luz amarela do por do sol bater no horizonte que eu clarifico meu próprio contraposto. É a primeira e última vez que enxergo esse lugar, à essa hora, com esses raios de sol. E me sinto como o compositor daquela música, que falha em descrever sensações.

Nesse instante, tudo o que sei é que vejo. E sinto. E o significado é complexo demais para definir em relatório padrão. Assim como o resto de nós.
Observo o mundo por mais alguns minutos, enquanto Teddy, meu urso de pelúcia, termina de secar. Será uma longa viagem, e quero algo que me lembre de casa. Coloco-o na mala, que está pronta a pelo menos um mês, e parto. Não olho para trás.





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OK! Depois de 3 longos anos de fidelidade ao banner e cor do Do Obvio ao Avesso, ele merecia uma aposentadoria comentada. Pena que eu não consegui articular do jeito que eu queria. Enfim, sorria e acene. Mudanças, here I come.









Um comentário:

  1. Mudanças! \o/
    Como diz Chico: "As pessoas tem medo de mudanças. Eu tenho medo de que as coisas nunca mudem."

    Vou sentir falta da garota no parapeito do prédio, mas ver as estrelinhas é algo muito divertido toda vez que abro seu blog.

    Quanto ao Urso Voador, seria uma sacanagem eu dizer que estou sem palavras. Isso é algo que só sou pessoalmente rs.

    É um texto maravilhoso e eu realmente estava com saudades de ler algo seu.
    Não faça mais hiatos tão longos. Bom, dentro do seu espaço de tempo, claro.

    Que 2011 seja maravilhoso a você, Ju.

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